Interrail, Mestrado e o Tempo

Tenho pensado em viagens. Viagens que duram anos e viagens de dias. Dou-me conta que nos nossos genes ainda há muito de nómadas. Sonhamos mudar de cidade e de país, ver o mundo de várias maneiras e visitar os lugares de diferentes perspectivas. A maior parte de nós, não passa de falsos sedentários.
Daqui a um mês e uns dias, vou arrancar no meu primeiro Interrail. Na verdade, é a primeira vez que digo que é o primeiro. Mas a vontade de que haja mais está desde já implícita na minha cabeça. Vou viajar pela Europa. Na minha vida, para Este, nunca viajei para além da França. Tenciono ser feliz e maravilhar-me várias vezes durante o percurso. Estou a elevar as expectativas, eu sei, mas é um Interrail, caramba.
Dentro de uns meses entrego o meu Projecto Final de Mestrado. Com letra grande, para parecer coisa ainda mais séria. Mas digo adeus à minha cidade dos últimos cinco anos já nesta semana. Pelo menos, espero fazê-lo. A cidade já não tem muito para me dar. Ou talvez não quero que me dê mais. Fui feliz cá. Fui muito feliz. Mesmo que não saiba ou soubesse partilhar a felicidade devidamente. Mesmo que não soubesse dizê-lo as vezes que fossem necessárias. Mesmo que não soubesse levar da cidade o que devia ter levado.